OS FILHOS DA MÃE GENTIL III - A PEDAGOGIA DO BLÁ BLÁ BLÁ!

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Justificada na própria origem do Sistema Educacional Brasileiro, a Pedagogia do Blá Blá Blá que hoje impera na maioria das salas de aulas do nosso país, mesmo com o trabalho escasso e hérculeo de alguns educadores comprometidos com a essência do fazer educacional criativo, ético e cidadão, se fortalece cada vez mais na postura de grande parte dos "profissionais" da educação que caíram de pára-quedas nas salas de aulas  por necessidade na luta pela sobrtevivência no mundo capitalista, e não por talento e competência pedagógica. 

Contribuindo para a difusão da Pedagogia do Blá Blá Blá, o discurso carente de lógica e de fundamento dos governates e seus tecnocratas estão sendo seguidos à risca pelos bem doutrinados "educadores" que compõem o contigente de professores mal formados que fazem do magistério um bico.


Segundo o filósofo Paulo Ghiraldelli Júnior em seu ótimo artigo ( O apagão do ensino médio ) "o quadro dos números, segundo o INEP, é dramático. A rede tem uma falta de 235 mil professores. Na prática, isso significa dizer que a maior parte das escolas não tem suas aulas em continuidade regular. Só isso já coloca o sistema de ensino em situação de perigo. Mas há mais, o contingente de professores existente é mal formado e faz do magistério um bico. O resultado é um só: estamos caminhando há mais de 30 anos em direção ao precipício de termos uma juventude com diploma, até diploma de curso superior, mas sem qualquer aprendizado que possa ser equiparado com o das juventudes de outros países, inclusive com os economicamente piores do que o nosso".

E vai ainda mais longe em sua imprescindível reflexão sobre a desvalorização do profissional da educação "a falta de ação política federal provoca um marasmo nos Estados. Os governos estaduais, que se responsabilizam pela educação básica pública e particular, acabam colocando o assunto em terceiro ou quarto planos. Assim, no Estado de S. Paulo, o estado mais rico da federação, cuja vida e renda não se diferencia de nenhum país europeu, paga 7 reais a hora-aula do professor. Levando em conta a escolaridade necessária, não há qualquer outro emprego de mais baixa remuneração que este. No Estado do Pará, a hora-aula é de 5 reais. Os programas sexuais rápidos (oral), de prostituição de rua, nesses estados que, afinal, não são regiões turísticas, giram em torno de 20 reais. Os parlamentares, em boa medida, nem sabem disso. Em conversa com o Senador Demóstenes, de Goiás, pude notar, por exemplo, que ele não só nunca fez qualquer projeto de lei para o magistério como desconhecida o salário do professor de seu estado. Outros políticos estão até em situação pior quanto ao conhecimento do assunto".

Ghiraldelli destaca que "um professor do ensino médio alemão recebe por ano, em média, 85 mil reais. Um professor no Brasil, com uma carga horária maior, não chega a 35 mil reais de renda anual.  O resultado dessa política ou, melhor dizendo, dessa falta de política educacional correta, que se arrasta desde os anos oitenta, é que até temos professores formados em boa quantidade, mas não os temos em sala de aula. O salário não atrativo colocou muitos professores, nos anos oitenta e noventa, no caminho de outras profissões, das quais eles não saíram mais. Em relação aos jovens que buscam o ensino universitário, atualmente, é claro que a profissão de professor, quando é seguida, não o é no sentido de uma opção verdadeira. O jovem, quando opta por uma licenciatura, espera apenas obter um diploma para subir na carreira de um outro emprego que não o magistério, ou então tem a idéia de escapar do ensino básico, fazendo carreira no ensino superior".

Ou seja, pelo visto a Pedagogia do Blá Blá Blá seguirá fazendo de nossas crianças e jovens as vítimas diretas do descaso cruel da sociedade e principalmente dos governates já que as propostas das duas candidaturas, já em campanha para a presidência, não mostram uma luz no fim desse escuro e assustador túnel.

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 CAMPANHA MUNDIAL

10/10/2010

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