segunda-feira, 7 de agosto de 2023

VALE A PENA SE AJUSTAR A UMA SOCIEDADE PROFUNDAMENTE DOENTE?

Não é sinal de saúde estar bem ajustado a uma sociedade profundamente doente. Essa frase, atribuída ao filósofo indiano Jiddu Krishnamurti, resume uma crítica contundente à forma como nos relacionamos com o mundo em que vivemos. O que significa estar bem ajustado a uma sociedade? E o que significa ser uma sociedade profundamente doente? 

Podemos entender o ajustamento social como a capacidade de se adaptar às normas, valores e expectativas de uma determinada cultura ou grupo. É um processo que envolve aprendizagem, conformidade e obediência. Quem está bem ajustado, geralmente, é aceito e reconhecido pelos demais, e desfruta de certos benefícios e privilégios. Quem não está bem ajustado, por outro lado, é visto como desviante, rebelde ou problemático, e sofre discriminação e exclusão. 

No entanto, o ajustamento social não implica necessariamente em saúde mental ou bem-estar. Pelo contrário, pode ser uma fonte de sofrimento e alienação. Isso porque nem sempre as normas e valores sociais são justos, éticos ou saudáveis. Muitas vezes, eles são baseados em interesses particulares, preconceitos ou violências. Assim, estar bem ajustado a uma sociedade pode significar renunciar à própria individualidade, criatividade e liberdade, em troca de uma ilusão de segurança e pertencimento.

Krishnamurti foi um pensador que questionou profundamente as estruturas sociais que nos condicionam e nos impedem de conhecer a nós mesmos. Ele defendia que a verdadeira revolução não é política, econômica ou religiosa, mas psicológica. Para ele, só podemos transformar o mundo se primeiro transformarmos a nossa mente, libertando-nos de todo tipo de autoridade, dogma ou ideologia. Ele propunha um caminho de autoconhecimento, meditação e desapego, que nos levasse a uma percepção direta da realidade, sem intermediários ou filtros. 

Uma sociedade profundamente doente é aquela que se baseia na exploração, na competição, na violência, na desigualdade e no medo. É uma sociedade que gera conflitos, guerras, injustiças e sofrimentos. É uma sociedade que nos aliena de nós mesmos, dos outros e da natureza. É uma sociedade que nos impede de sermos felizes. 

Não é sinal de saúde estar bem ajustado a uma sociedade profundamente doente. É sinal de coragem, lucidez e compaixão resistir a essa sociedade e buscar uma forma de vida mais autêntica, harmoniosa e significativa. É sinal de sabedoria buscar o conhecimento de si mesmo, além das aparências e das ilusões. É sinal de amor buscar a paz interior e a fraternidade universal. Esse é o desafio que Krishnamurti nos propõe: sermos livres para pensar por nós mesmos, para sentir o que realmente sentimos, para agir de acordo com o nosso discernimento. Seremos capazes de aceitar esse desafio? Seremos capazes de criar uma sociedade mais saudável? Seremos capazes de sermos felizes?

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Por Diógenes Lima

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