"Se se perdessem todos os livros sacros da humanidade, e só se salvasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido."
Mahatma Gandhi
Antes de iniciar a sua vida pública, fez Jesus 40 dias de silêncio e meditação no deserto.
E a primeira mensagem que, logo no princípio, dirigiu ao povo é o chamado "Sermão da montanha", proferido nas colinas de Kurun Hattin, ao sudoeste do Genezaré.
Estas palavras podem ser consideradas como a "plataforma do Reino de Deus', como diríamos em linguagem política. Representam o programa da mística divina e da ética humana, visando a total auto-realização do homem.
Logo de início, vêm as oito beatitudes, onde o mestre proclama felizes precisamente aqueles que o mundo considera infelizes: os pobres, os puros, os mansos, os sofredores, os perseguidos, etc. Esta distinção entre felicidade e gozo, entre infelicidade e sofrimento vai através de todo o Evangelho do Cristo, e só pode ser compreendida por aqueles que despertaram para a Realidade de seu Eu Espiritual.
O Sermão da Montanha representa o mais violento contraste entre os padrões do homem profano e o ideal do homem iniciado. Para compreender tão excelsa sabedoria deve o homem ultrapassar os ditames do seu intelecto analítico e abrir a alma para uma experiência intuitiva. O homem profano acha absurdo amar os que nos odeiam, fazer bem aos nossos malfeitores, ceder a túnica à quem nos roubou a capa, sofrer mais uma injustiça em vez de revidar a que já recebeu - e da perspectiva do homem mental tem ele razão. mas a mensagem do Mestre é um convite para o homem se transmentalizar e entrar numa nova dimensão de consciência, inédita e inaudita, paradoxalmente grandiosa.
Não adianta analisar esse documento máximo da experiência crística. Só o compreende quem o viveu e vivenciou.
E, para preludiar o advento do reino de Deus sobre a face da terra, é necessário que cada homem individual realize dentro de si mesmo esse reino; que reserve cada dia, de manhã bem cedo, meia hora para se interiorizar totalmente no seu Eu Divino, no seu Cristo Interno, pela meditação.
Durante a meditação, o homem se esvazia de todos os conteúdos de seu ego humano sem nada sentir, nada pensar, nada querer, expondo-se incondicionalmente à invasão da plenitude divina.
Onde há uma vacuidade acontece uma plenitude. O homem vazio de si é plenificado por Deus.
Mas, não se iluda! Quem vive 24 horas plenificado pelas coisas do ego - ganâncias, egoísmos, luxurias, divertimentos profanos - não pode esvaziar-se, desegoficar-se , em meia hora de meditação; esse se ilude e mistifica a si mesmo por um misticismo estéril. É indispensável que o homem que queira fazer uma meditação fecunda e eficiente, viva habitualmente desapegado das coisas supérfluas e se sirva somente das coisas necessárias para uma vida decente humana. Luxo e luxúria são lixo e tornam impossível uma vida em harmonia com o espírito do Cristo e do Evangelho.
O homem que queira ser crístico, não apenas cristão, necessita de viver uma vida 100% sincera consigo mesmo, e não se iludir com paliativos e camuflagens que lhe encubram a verdade sobre si mesmo.
Vai, leitor, conhece-te a ti mesmo.
Prólogo do livro "Sermão da Montanha"
Huberto Rohden
Editora Alvorada
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