Fonte: Revista Appai Educar
Não há inimigo mais ferrenho da cultura do que aquelas escolas cujos diretores são meros burocratas ou administradores financeiros, e os professores, carcereiros de uma didática fria, mercadológica, impessoal.
Profissionais dessa natureza já não têm alma; têm sistema. Substituíram a inteligência afetiva, ou a sensibilidade própria do educar, pela desumana praticidade que roubou a maciez de seus rostos e o brilho de seus olhos.
Escolas inimigas da cultura são aquelas que já não querem “perder” tempo, lucro, verba ou per capita, incentivando as artes; valorizando as letras. Apresentando aos alunos pessoas que dão vida e promovem a cultura local. Escritores e artistas de carne e osso, que levariam seus alunos a entender melhor a sociedade que os rodeia, levando-os a decodifi car o mundo real das possibilidades humanas.
Tais escolas estão inchadas de política partidária. Têm as portas e os cofres abertos para palestrantes tão famosos quanto previsíveis, repetitivos e altamente onerosos, mas são incapazes de valorizar os talentos internos ou próximos. Talentos de gente acessível, bem menos dispendiosa, muitas vezes voluntária e de mais bagagem.
Infeliz é a escola onde os dirigentes e lecionadores desconfi am dos simples. Fecham-se para o produtor cultural da terra. Menosprezam as artes e os artistas locais.
Com isso, sua lição diária aos alunos é a de que eles, com seus sonhos e aspirações, não merecem respeito e credibilidade, porque são do lugar... São profetas da terra... Figurinhas marcadas... Com caras de vida real.
Com dois livros recém-lançados, tenho percebido em diversas escolas essas características lamentáveis. Sinto por seus alunos e o que eles estão aprendendo com a rotina dessas atitudes.
*Demétrio Sena é educador lotado no Ciep 327 - Suruí -
Magé – RJ e membro da Academia Mageense de Letras.
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