Três vezes na semana desperto às 05:00 da manhã, ultimamente com o saudável hábito, que pretendo, necessito e devo cultivar; de fazer uma meditação de agradecimento à Luz Divina por mais um dia como oportunidade de aprimoramento na escola da vida onde canalizo forças e intenções positivas para tratar de levar, apesar dos pesares, um referencial positivo às centenas de alunos da comunidade onde nasci e hoje tenho o privilégio de estar educador, a Maré.
Dia desses não consegui dormir como deveria. Rajadas de metralhadora; agora tão comuns na madrugada de várias comunidades da cidade me impediam de descansar dignamente no seio do meu lar e então duas horas antes do planejado e de costume me vi desperto compulsoriamente apesar do corpo e o espírito necessitarem de um pouco mais de descanso. Coloquei um CD de músicas transcendentais e um fone de ouvido para sair da realidade assustadora e comecei a ler um livro de temática budista para ver se o sono retornava, mas nada. Belas imagens passaram pela minha cabeça e pérolas do conhecimento espiritual com certeza se fixaram em minha mente, intensamente.
Quando percebi que não conseguiria mais dormir naquela madrugada atípica tratei de escrever algumas linhas para publicar no blog que admistro e me deitei tranqüilo para ver se conseguia dar uma cochilada antes de ter que me levantar para a rotina do dia a dia sempre cheia de surpresas; ora agradáveis, ora bastante desagradáveis.
Não consegui dormir profundamente, mas naquele intervalo que vai do sono à vigília ouvi uma voz que sussurrava baixinho ao pé do meu ouvido “Sê simples... Sê simples”. Lembrei da Biografia de Sri Aurobindo e da Mãe, instrutora do seu Ashram.
Nunca tive dúvida da simplicidade vencendo barreiras, superando limites. E o que Mãe chamava de simples nada mais é do que uma espontânea alegria na ação, na expressão, no movimento e na vida. Propondo o reencontro dessa condição divina, verdadeira e feliz em nosso interior.
Quando me dei conta já era hora de levantar! Mas... Como “Ser simples” quando nossa época apresenta grandes desafios? Os valores éticos parecem ter desaparecidos, os diversos sistemas de governo parecem inadequados, a violência e a fome aumentam sem limites, a ciência se perde em tecnologias e a Natureza, explorada e vilipendiada, reage.
Já no raiar do dia no ponto de ônibus sou obrigado a ver um idoso fazer sinal para um ônibus e ter seu direito a cidadania negligenciado por um motorista; que não pára para ele. Será que aquele motorista tem noção de que aquela atitude é uma forma de violência ou será que para ele violência é somente três a dez mortos estampados na manchete dos jornais conseqüências do tiroteio na “favela”?
Meu ônibus chega e meu bom dia ao motorista e ao cobrador não faz a menor diferença para eles, seus dias serão de cão, pois eles decidiram que assim o seja. Cada um se sintoniza com a vibração que deseja. É uma lei do universo. E quem vai dizer isso a eles? As estrelas do horário nobre?
No trajeto do Engenho Novo, local onde hoje moro com minha irmã e família, até a Praça das Nações em Bonsucesso, as imagens do caos e descaso social abundam. Moradores de rua dormem aos montes pela cidade e chegando ao Jacarezinho a situação toma ares apocalípticos. Dezenas de crianças e adolescentes que deveriam estar na escola estão espalhados pelas calçadas da vida vitimados pelo “craque”. Corpos sem vida, sem vigor, sem esperança, com fome de dignidade, com fome de cidadania, com fome de respeito.
E o ônibus segue sua trajetória diária até me deixar na Praça das Nações onde a diferença se destaca apenas na indiferença dos transeuntes que já acostumados pulam por moradores de ruas dormindo nas saídas dos túneis da estação do trem e a vida continua.
E o ônibus segue sua trajetória diária até me deixar na Praça das Nações onde a diferença se destaca apenas na indiferença dos transeuntes que já acostumados pulam por moradores de ruas dormindo nas saídas dos túneis da estação do trem e a vida continua.
Na manchete do jornal o assunto que ocupa meia página da página principal é a tatuagem que alguém com espaço na mídia fez para outro alguém com espaço na mídia. A foto é quase da página inteira, mas as eleições estão se aproximando e a luta pelo poder e não pela responsabilidade social já começou. Mas isso não tem a menor importância quando comparado a outros assuntos mais interessantes que pululam nos jornais e que são referenciais para nossas crianças e adolescentes.
Mesmo assim prefiro seguir tendo esperança que a mídia impressa, falada e escrita; principalmente a TV e a internet; na mão de formadores de opinião sensatos e espiritualizados venha a ser no futuro o diferencial que tornará nosso país uma referência mundial em cidadania e civilidade. Prefiro parecer ingênuo e seguir sonhando ao mesmo tempo em que trabalho ativamente pela transformação social a ser párticipe ativo ou passivo na manutenção do Status Quo.
Mesmo assim prefiro seguir tendo esperança que a mídia impressa, falada e escrita; principalmente a TV e a internet; na mão de formadores de opinião sensatos e espiritualizados venha a ser no futuro o diferencial que tornará nosso país uma referência mundial em cidadania e civilidade. Prefiro parecer ingênuo e seguir sonhando ao mesmo tempo em que trabalho ativamente pela transformação social a ser párticipe ativo ou passivo na manutenção do Status Quo.
Para não chegar atrasado à escola em que dou aula sou obrigado a pegar um transporte irregular, pois os regulares, raramente passam no horário. E ao chegar à comunidade onde nasci e onde hoje não posso morar, pois como trabalho lá, seria impossível, já que a noite toda o apavorante barulho dos tiros impede qualquer “cidadão” de ter uma noite de sono normal; dificilmente não encontro um ou dois carros em chamas às 07:00 da manhã no encontro da linha vermelha com a linha amarela ao lado do Ciep onde trabalho. O Batalhão da PM da Maré de costas para a comunidade é a 500 metros, mas de que isso adianta ou tem adiantado.
E a vida continua!
Na ilha de esperança cercada de problemas por todos os lados - A Escola, centenas de alunos enfrentando as difíceis condições do cotidiano da comunidade enfrentam também o jogo político das autoridades e seus interesses que nem de longe são os reais interesses da sociedade. Na cabeça das crianças a confusão se generaliza e na dos profissionais da Educação a desmotivação chega a níveis alarmantes. Essa é a cara da educação no Rio de Janeiro.
Onde buscar ajuda?
Onde buscar ajuda?
No sonho e na esperança de que dias melhores virão. E para isso muitos trabalham. Na fé e na ação fundamentada na ética e na moral, valores transcendentais hoje fora de moda em uma sociedade que grita e implora aos seus formadores de opinião SOCORRO FAÇAM ALGUMA COISA!
O homem forte rompe os obstáculos, o homem movido pela fé os atravessa como se não existissem.




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