sexta-feira, 30 de agosto de 2013

CARTA PÚBLICA À SENHORA SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO

CARTA PÚBLICA EM RESPOSTA à carta que a secretária de educação Claudia Costin publicou em seu Twitter algumas horas atrás. 

Srª Secretária de Educação do Rio de Janeiro;

Alguém esqueceu de avisá-la que:

1) Não é o jornal o Dia, o Globo, O prefeito e nem o SEPE que decide acabar com a greve e sim os professores, como ficou demonstrado em uma emocionante Assembléia no Terreirão do samba na última segunda-feira;

2) O SEPE representa a categoria, mas acata a vontade da maioria dos professores que há anos vem desejando lavar a alma como fizemos ontem cantando aos plenos pulmões com Gonzaguinha: “A gente não tem cara de babaca!" "A gente quer viver todo respeito!" na Rua da Assembleia no centro do Rio com todo significado simbólico que isso possa ter. 

3)Nem a mídia, nem a secretaria de educação da prefeitura do Rio de Janeiro tem uma política de valorização do professor. Pelo contrário, desde que assumiu a atual secretária com apoio da mídia trata o professor/a como se ele/a fosse um ser que tudo lhe falta. Bom seria se essa "falta" fosse entendida como a falta que o Fundeb faz no nosso contracheque, a falta da data-base do reajuste salarial, de um plano de carreiras que valorizasse o tempo de serviço, bem como, de estudo e especialização do professor, a falta de condições de trabalho dignas como salas de aulas climatizadas, com material e Xerox para que os alunos não precisem copiar do quadro negro a prova (Sim, brigamos por Xerox!), a falta que nos faz o 1/3 de nossa carga horária para estudos e planejamentos, a falta que nos faz uma turma de alunos com no máximo 30 alunos para que possamos garantir uma educação atenta às necessidades de cada uma deles como requer a docência no ensino fundamental e por fim a imensa falta que nos faz poder contar com profissionais essenciais para que realmente a educação avance no país: psicólogos, fonoaudiólogos e assistentes sociais
 
Infelizmente a secretária Claudia Costin e o prefeito Eduardo Paes não entenderam assim. Acharam que o que nos faltavam eram apostilas rudimentares com qualidade muito inferior aos dos livros didáticos aprovados e fornecidos pelo MEC que eram e são devidamente selecionados pelos professores das escolas. Firmou convênios e parcerias com instituições para elaborarem material didático e avaliações para serem aplicados aos nossos alunos sem o menor compromisso e respeito com a autonomia e o projeto político e pedagógico de cada escola. O primeiro ano de sua gestão foi uma confusão de portarias e circulares publicadas e revogadas sobre o modo pelo qual os professores deveriam avaliar seus alunos. Nem em sonhos a "aprovação automática" acabou, os alunos reprovados e os considerados "fora da faixa etária adequada" eram direcionados para projetos em que em 1 ou 2 anos, em parceria com a fundação Roberto Marinho e professores polivalentes aprendiam o "necessário" e saiam da escola com o diploma de ensino fundamental completo. 

4) Enfim, a greve continua aos gritos dos professores que há anos estão em sala de aula vivendo essa política de humilhação e falta de autonomia imposta pela atual gestão da maior rede de educação pública da América Latina. A revolta cresce a cada dia em que a política de humilhação continua com o cinismo dos "gestores" e a indiferença dos meios de comunicação em relação as nossas denúncias e demandas. Acabo essa minha carta após assistir, novamente, o "RJ TV" da rede globo que se quer mencionou a greve. Tinha de tudo no RJ TV dessa noite: Rock in Rio, o jogo do Flamengo, "Vândalos" tirando pedras nos trens e "Criança Esperança". Que esperança é essa nas crianças que não passa por um espaço que se dedique a debater a política de educação pública no RJ com aqueles que a realizam em salas de aulas insalubres no Rio 40 graus? Que compromisso a Claudia Costin e Eduardo Paes de fato assumiu em relação as nossas denúncias e demandas com as duas reuniões que tiveram com o SEPE e que estão relatadas na carta em anexo?

  Leiam com atenção e lutemos pela ampliação desse debate na assembléia de amanhã, em nossos protestos e na mídia. 

Por Renata Brandão via email

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