Parecendo querer limpar a sujeira psíquica acumulada por décadas de degradação moral e ética gerada por corrupções e descaso das autoridades às urgentes necessidades sociais, pelo avanço de forças subversivas (narcotráfico e milícias) mandando e desmandando na cidade e pela distorção dos valores promovida pela mídia; a chuva não deu tregua na Cidade Maravilhosa nos últimos três dias; evidenciando ainda mais problemas que levaremos décadas para superar, uma vez que absolutamente nada foi feito de efetivo nos últimos anos para que pudessemos hoje disfrutar de mais dignidade na vida em sociedade.
Fico imaginando se não tivessemos sido escolhidos para sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 com suas necessidades urgentes em que nível de degradação social estaria hoje o Rio de Janeiro.
Os problemas que já eram do conhecimento geral e evidenciados com essa tragédia no Rio de Janeiro destacam à lógica implacável da cidade-empresa e da cidade-mercadoria, e que nós cidadãos devemos lutar com unhas e dentes por construir alternativas aos modelos adotados em vários governos, e difundidos pela “ajuda” internacional nem sempre desinteressada e por consultores, assim como por conferências e congressos mundiais onde a miséria urbana de milhões se transforma em frias estatísticas e promessas nunca cumpridas.
Um tal Fórum Mundial Urbano aconteceu aqui no Rio de Janeiro de 22 a 26 de março de 2010 e espero que não tenha sido apenas uma boa oportunidade para representantes de ONGs (Organizações Não Governamentais), mais frágeis politicamente do que nunca frente ao protagonismo negativo que têm exercido nos últimos anos na aldeia global envolvidas em corrupções e outras nojeiras mundo à fora; se confraternizarem na Cidade dos Prazeres Sensuais ( O Rio de Janeiro) e que propostas sociais éticas e cidadãs efetivas tenham gerado a perspectiva de uma outra cidade: democrática, igualitária, comprometida com a justiça social e ambiental.
Os momentos de crise nos oferecem sempre uma oportunidade de dar um salto quântico. Mas será que estamos preparados coletivamente para dar esse salto ou será que ainda precisaremos de tragédias ainda piores para despertar à força para a busca de soluções efetivas para nossas problemáticas sociais?
Fica aqui o questionamento.
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10/10/2010
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